Ivone Avila[1]
Encantamento e emoção. Por algumas horas parece-me que esses eram os sentimentos de todos. A única sensação que parecia dominar os presentes era a de sensibilidade à flor da pele. Por algumas horas, esquecidos do frio, das dores, das tristezas e do desconforto tão presente em nossa vida atual neste brasilzão de meu Deus, todos estavam cativos de uma coisa: da arte.
Refiro-me às horas em que passamos entretidos com arte no recente Sarau que integra o programa Sons em Harmonia do Instituto Histórico e Geográfico. Naquelas horas mágicas em que nossos sentidos estavam encantados com os acordes da música, do canto e da poesia, todos pareciam ter se esquecido daquelas sensações que os incomodam para se fixarem naquilo de bom e belo que ouviam... E como nos emocionamos! Foi então que me lembrei de uma referência antiga de meus tempos de aluna do Curso normal do INSA. Uma das freiras sempre costumava repetir que quando era interrogado sobre as horas “Que horas são?”, (em italiano: Che ore sono?), Dom Bosco invariavelmente repetia: - São horas de amar a Deus! Mas depois explico porque pensei assim.
Naqueles momentos de puro enlevo, ouvimos os poemas recitados com brilho e paixão por Guiomar Batu dos Santos e Danci Caetano Ramos, duas deusas que se materializaram a nossa frente e nos empolgaram com magistrais interpretações. Ouvimos Vânia Coimbra com a verve de sempre, cantando em espanhol ou português. Não é por acaso que ela preside a Casa do Poeta! Seu talento se revela a cada evento.
E para supremo deleite de nossa sensibilidade, tivemos a apresentação de dois experts da música: Mario Meira com seu violão mágico e Fábio Henrique Sauer Kreutz, com seu sax dourado e seu cavaquinho vibrante. Que dizer da interpretação desses dois ótimos músicos a não ser engrossar o coro de aplausos a eles e desejar-lhes sucesso sempre maior?
É preciso que se diga ainda que todos esses intérpretes de primeira linha fazem parte do quadro de associados de nossa instituição e são colaboradores incansáveis. A eles, portanto, um agradecimento especial e a certeza de quem serão sempre aplaudidos por nós.
Fica também o convite para que todos os apreciadores da boa música participem de outros saraus, pois a ideia do IHGSLG é promover um por mês. Com isso, podem-se prestigiar nossos artistas, desenvolver o gosto pela arte (cumprindo assim uma das finalidades do Instituto Histórico) e arrecadar algum recurso para nossa instituição.
Mas, finalmente quero voltar à minha lembrança de jovem dos tempos de aluna do Curso Normal do Colégio das salesianas. No sarau, aquele momento de enlevo e encantamento, se alguém me perguntasse – “Que horas são?”, seguramente responderia: - São horas de amar a música, a arte, a poesia... Não teria nenhum medo de dizer isso, pois seguramente estaria falando de deus, de um deus que habita a alma dos poetas, dos músicos, dos artistas... Acho que foi exatamente isto que nos deixou tão felizes naquela noite: a proximidade com todos os deuses da arte, da música da poesia...
Obrigada, amigos músicos... Vocês nos levaram para pertinho de Deus.
[1] Ivone Avila é sócia fundadora e atualmente 1ª Vice-presidente do IHGSLG.
